PABLO CORLETTI. RETRATO DE UN ARTISTA JOVEN

Prof. Dr. Latuf Isaias Mucci Universidade Federal Fluminense (UFF)
Niterói-RJ. Brasil

“An artist is a dreamer consenting to dream of the actual world” G. Santayanna
He participado, en Buenos Aires, de las VII Jornadas Borges y los otros, en la Fundación Internacional Jorge Luis Borges. Entre fotos, libros, instalaciones, todo hablaba de él. Al mismo tiempo que Borges era el tema de todo y de todos, había en la Fundación la exposición de pinturas de Pablo Corletti, quien fué presentado al mundo de las artes internacionales por María Kodama, viuda de Borges.
El dia 24 de agosto se celebra el cumpleaños de Borges y Kodama ofreció una recepción a la que yo fuí invitado. En aquella noche, la esposa de Borges era, sin duda, el centro de las atenciones, pero yo pude ver, mirar, contemplar la exposición de pinturas. Cuando yo no veía a la anfitriona, yo miraba el arte de Pablo Corletti, que pasaba a ser, gestálticamente, figura de todo aquel inolvidable momento.
En un momento de la fiesta, yo me presenté a Pablo Corletti, que me ofreció un cd-rom: era el cumpleaños de Borges y yo recibía un regalo.
En su presentación como pintor, el joven escribe: “Pinto para desahogarme”, enunciado que me hace pensar a la inmensa escritora brasileña Clarice Lispector (1925-1977), que enuncía: “Escrevo para livrar-me de mim”. Yo diria que Corletti pinta para desahogarnos, para el placer.
Volví a Brasil y retomé mis clases en la Universidade Federal Fluminense/UFF. En uma tarde de sol sensual de casi primavera, yo mostré, en mi clase de “Conceitos Fundamentais da História da Arte”, a mis alumnos de graduación de Produção Cultural, en la ciudad de Rio das Ostras-RJ, el cd-rom de Pablo Corsetti, y les pedí escribir sobre el trabajo del joven argentino. Aquí registro las emociones y reflexiones de mi queridos alumnos, que aún me pedin hacer una copia del precioso cd-rom. Despues de escuchar y leer a mis alumnos-críticos, casi concluyo que, como un poeta, Pablo Corletti finge pintar el mundo, finge saber lo que quiere. Él expone el gran ojo del color, pinta a sí mismo, por partes, y se entregua, siempre, a la instabilidad de la existencia. Una vez más pienso a Clarice Lispector que, en su novela Água viva (1973), dice: “ Antes de mais nada, pinto pintura. E, antes de mais nada, te escrevo, dura escritura”.
ESCRITOS SOBRE A OBRA DE PABLO CORLETTI (Textos en portugues)
Trabajos realizados por los alumnos de la Universidad Fluminense de Brasil PABLO CORLETTI E A ARTE DUPLA Seus quadros representam uma agonia, um desespero. E, ao mesmo tempo, uma conformidade. Provocam um estranhamento por “esconder” ou insinuar imagens assustadoras, que não pertencem ao primeiro plano das telas. Outro fator marcante é a presença de cores, em tom sobre tom, causando fortes contrastes. Em muitos quadros, percebemos um foco de luz, que desvia o olhar do receptor do resto do quadro. O artista expressa uma questão barroca, cujos temas aparentam um dualismo entre o angelical e o sombrio, o santo e o profano. As obras de Pablo Corletti retratam uma introspecção profunda. Em vários momentos, tem-se a impressão de movimento, enfatizado com cores vibrantes. O recurso das cores, de luz e sombra é usado para mostrar uma fuga, onde um “eu” foge para a tela, aí encontrando o medo e a salvação dos próprios enigmas e indagações de um homem. A sensação presente em suas obras mostra inquietação, a vontade de mudar, transformar e evoluir, idéias passadas através do movimento. Há uma busca constante e incessante pelo desconhecido, pela luz e pela “salvação”. Dílson Ribeiro, Fernanda Carvalho, Grasiele Estevan, Laura Lopes, Lisiany Mayão, Lívia Adegar, Lívia Andreozzi e Tainá Machado O MAR DE SONHOS DE PABLO CORLETTI Slavers throwing overboard the Dead and Dying - Typhon coming on" by Joseph Mallord William Turner, oil on canvas, 91 by 138 centimeters, 1840, Museum of Fine Arts, Boston A pintura de Pablo Corletti nos remete ao onírico, ao surreal, pois em suas telas podemos perceber, tanto no jogo de cores, quanto nas sombras, um artista em constante divagação, construindo, através de sua arte, a própria identidade, um alter ego que seja capaz de traduzir-se. A desconstrução do figurativo através de paisagens amorfas, a partir de imagens que se fazem num palimpsesto de outras imagens, traz às obras um sujeito fragmentado: na linha entre uma efígie e outra, colocam-se os espelhos estilhaçados de um ‘eu’ sempre em formação. Os títulos das obras nos remetem ao cristianismo, sempre com menção à essência inocente, quase ingênua, enquanto as obras em si, desvinculadas de seus títulos, são de teor pagão, livres de qualquer amarra religiosa. A solidão dos seres, assim, é preenchida na imensidão do mar de tintas, remetendo-nos a William Turner, pintor inglês do século XIX. Assim, o pintor argentino extrapola os limites de uma lucidez, falsa para qualquer ser humano, e banha-nos nas águas do Rio de La Plata, mergulhando-nos, livres das amarras que nos prendem à realidade, no mar da inconsciência. Luiz Guaracy Gasparelli Junior e Danielle Maria Magalhães NO LIMIAR DOS EXTREMOS Notadamente, Pablo Corletti é apaixonado pelo que faz. Em suas telas, a presença de uma escuridão profunda torna a aplicação de qualquer outra cor um fator perceptível acentuado. As cores, ao mesmo tempo que se acariciam e dialogam, são também individuais, são elas mesmas, sem uma mistura ou um complemento. Pablo tem uma densidade espiritual em suas obras, como se fosse possível enxergar imagens (espectros) entre os desenhos ou mesmo sentir a presença espiritual perturbadora, sem que a forma seja definida ou perceptível aos olhos. É apenas uma sensação, quase infantil, de criaturas fantasmagóricas. É uma constante a impressão de que o artista expele das entranhas um pouco do que não lhe é vital, ao mesmo tempo que absorve as energias que pulsam fora dele e o impulsionam à perfeição. Algumas telas suscitam a ponte entre o bem e o mal, entre o lado obscuro que todos temos e o primitivo conceito de amor. As telas são um delicado convite de exercício sobre reflexão, sobre quem somos, ou, ao menos, deveríamos ser. Juliana Ramos, Sônia Maciel. Sem título Pablo Corletti, em suas obras, reflete o eu íntimo através de imagens e símbolos metafóricos. Sua obra demonstra uma sombra com uma luz ao fundo vindo, como se fosse uma esperança surgindo para acabar com as trevas. Seu estilo é romântico e inebriante, suas telas dão uma noção de que, no meio de tantas pessoas, algumas mostram salvação pela luz, mesmo que vinda do fundo. Núbia Siqueira Silva
SOBRE PABLO CORLETTI Brincando com as cores, Pablo Corletti consegue, ao mesmo tempo, passar tranqüilidade e fúria. O jogo de luzes, claramente percebido em suas obras, mostra os dois lados da vida: intenso e cheio de alegrias, ou sombrio, obscuro. Ao mesmo tempo, nos faz acreditar que, diante das trevas, podemos achar uma salvação, uma luz. Larissa Mercadante Góes PABLO CORLETTI, SENSIBILIDADES Falar da obra de Pablo Corletti seria dizer que há uma inquietude em sua alma, característica dos grandes mestres. Com grande fúria, rasga as trevas com cores intensas. São amarelos radiantes que roubam a cena; vermelhos esguicham das artérias; lilases sangram... Porém, há sempre um foco de luz (mesmo que minúsculo), que pode ser traduzido como gotas de esperança. Que todo artista rompa as trevas da desilusão, promova sensações e ainda mantenha no peito a esperança de dias melhores, como você! Rizete Viana Pereira Rio das Ostras-RJ, setembro de 2007.

Pablo Corletti

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Buenos Aires, Argentina